Hoje, a cantora
Maria Rita encerrou a turnê Viva Elis,
que homenageia justamente a mãe que ela não teve tempo de conviver. Essa
atitude dela foi muito bonita e, ao mesmo tempo, um tremendo ato de coragem,
pois se já não foi fácil para ela cantar músicas do repertório da mãe (ela
levou muitos anos para conseguir fazer isso), imagina fazer um show com músicas
da mãe exatamente no Dia das Mães. E como se não bastasse, o show ainda por
cima foi no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, onde nós sabemos que só de
estar já é diferente por ser a Cidade Maravilhosa.
Entretanto,
mesmo esse show de hoje sendo muito especial, não é só dele que vou falar, pois
infelizmente não o assisti. Dos cinco shows do projeto patrocinado pela Nívea, eu tive a oportunidade de “assistir”
somente dois: um pelo Facebook (o de
Recife), e o outro eu ouvi pela Rádio Eldorado, através da internet (O de São Paulo).
Esses dois shows (e provavelmente os outros três também) foram igualmente
emocionantes, mas o de Recife me deu uma sensação que é até difícil de
explicar.
Como eu já contei
em outro post aqui no blog, eu sou fã da Maria Rita desde o início da carreira
dela, quando eu não fazia ideia de quem ela era filha (eu já tinha escutado várias
músicas da Elis Regina, mas não sabia disso). Mas, apesar de ter todos os CDs, DVDs, sempre procurar sobre ela na internet e assistir a todos os programas em que
ela vai, eu nunca fui a um show dela.
Por esse
motivo, o show de Recife, realizado no dia 1° de abril, foi diferente de tudo até então, pois eu ia ver um
show dela e, mesmo sendo com o repertório da Elis, o que contou mais pra mim
realmente foi ver a Maria Rita, um show da cantora que eu escuto desde que era
pré-adolescente.
Mas, como não poderia
deixar de ser, é claro que eu me abalei quando ela começou a cantar as músicas
que eu escuto há anos na voz da Elis Regina e, mais do que isso, foi estranho
ouvir aquelas músicas que me são tão familiares em uma voz que não era a dela. Entretanto,
o que me emocionou mais foram as falas da Maria Rita no intervalo entre os
blocos de música. Chegou a dar até um aperto no coração a ouvindo dizer como imagina
que seria sua relação com a mãe, aquela cuja última lembrança que tem é do dia
do velório.
No decorrer da
apresentação, a cantora (que naquele momento já havia dado lugar à filha) foi
contando muitas coisas sobre essa cantora que até hoje é considerada a maior do
Brasil, e essas falas se tornaram o contexto perfeito para as músicas que se seguiam, como seus maiores ídolos (Tom Jobim, Ângela Maria e Cauby Peixoto,
representados por Águas de Março, Vida de Bailarina e Bolero de Satã), Elis enquanto cidadã e ativista política (seguida
das Músicas de Protesto Menino, Onze Fitas e o eterno hino O Bêbado e a Equilibrista), o lado
mulher e o encontro dos universos de mãe e filha (Essa Mulher e Se Eu Quiser Falar
Com Deus).
Além dessas músicas,
ela também dedica um bloco do show a Milton Nascimento, de quem Elis foi muito
amiga e gravou várias músicas, e aproveita para ressaltar a amizade dos dois e
também seu carinho por ele, e diz que “herdou” a amizade de sua mãe com ele. Nesse
bloco, ela canta Morro Velho (a única
do repertório que eu não conhecia), O que
foi feito devera e Maria Maria.
Para a última
parte do show, o Bis, ela reservou algumas das músicas mais famosas de Elis
Regina, como Fascinação (o tema da
campanha do projeto Viva Elis), Romaria,
Madalena e a minha eternamente
preferida, Redescobrir, que inclusive
é o propósito do projeto, revisitar e possibilitar que as gerações mais novas
redescubram o repertório desse grande nome da Música Popular Brasileira.
Por fim, apesar
de ter se falado tanto do Viva Elis
por ser a Maria Rita cantando sucessos da mãe em um show, o que ela nunca havia
feito até então, o que eu consegui ver analisando friamente (ou quase) foi uma
cantora madura homenageando outra, que fez toda a diferença na história da música
de seu país.
Mas, olhando
para esse show de maneira que a emoção fale mais alto, o que vemos é uma filha
(que também é mãe) fazendo uma homenagem não só a sua mãe, como também as
outras intérpretes cujos filhos seguiram a mesma carreira e também a todas as mães
em geral, já que o amor de mãe pelo filho é o mais verdadeiro de todos.
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